quinta-feira, 29 de março de 2012

Sem título propositado

Pergunto-me muitas vezes se sou realmente livre. Até podia colocar a grande questão como título, a letras garrafais, para mostrar que sei filosofar, mas, falando a sério, não me apeteceu, porque a minha finalidade é saber quem sou, o que sou e se sou livre. Atormenta-me este tipo de questão. Não admite meios-termos, não. Ou somos ou não somos. Todavia, podemos ser livres, por vezes, e por outras, não. Aí já admitamos um marotinho aroma a meio-termo. É por isso que não respondo, já que não sei qual a melhor resposta. Serei livre? Serei mesmo? E não me farto de perguntar nunca. Sou humana, enfim. Só me confunde o facto de andar inocentemente preocupada com tantas interrogações de maluca alucinada, questões que tanto interessam a todos, mas que são encobertas por uma vergonha irregular de indiferença...Porém, eu não sou indiferente. Não consigo. Chamem-me louca, maníaca e até dissimulada, mas hei-de chegar perto da resposta, e, nesse dia, direi que já estive mais longe, porque só me restará encurtar ainda mais a distância.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Para a minha amiga...

Porque ela foi a primeira pessoa que ressuscitou o "olá" que há em mim, porque foi a primeira a ajudar-me, escrevo-lhe este texto, como forma mínima de gratidão pelo apoio que todos os dias recebo. Admiro-a com carinho, uma vez que é pequenina e tal pequenez não invalida a sua alma. E resta-me, num suspiro de ser telegráfico, dizer-lhe: obrigada, obrigada, obrigada: por me tornares uma pessoa melhor, uma pessoa mais digna; uma pessoa formada por pedacinhos do teu carácter.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Suspensa por um período de tempo

Pressinto que não ando a ser eu própria não só porque tenho saudades do meu eu do passado, mas também porque não reconheço o eu de agora, o eu frio e imparcial que sou. Antes, de facto, costumava ser mais natural, mais indomável e corria atrás de um tesouro longínquo, onde quer que ele estivesse. Agora, oh agora... Parece que a energia se dissipa dos meus pés e se evapora, sem me dar uma única trégua. Uma apenas.
Relembro-me, a propósito, das andanças de criança criativa e ingénua, que pintava, corria, saltava, sem ter uma pinga de consciência do que era o real, na altura. Concluo, portanto, que a felicidade é tanto maior quanto maior for a minha insignificância, e, por esta razão, tento inúmeras e consecutivas vezes reduzir-me a ela, mas a minha condição de humana não me apoia e o impulso pela sabedoria ecoa mais alto na mente e torna-me culta e sábia e douta. Porém, o que o impulso pela sabedoria não compreende são os meus desejos animais de liberdade alucinante, porque eu quero ser livre e selvagem e feliz.
No fundo, no fundo, eu já não sou eu, e gostava, pelo menos, de um dia voltar a montar este quebra-cabeças obstinado que se chama personalidade, para que mais tardar possa afirmar-me como pessoa, nua de juízos de valor e preconceitos; pronta para conhecer o desconhecido e dar a conhecer o desconhecido que há em mim.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Saudade desesperada

Perdoa-me por escrever tantas vezes sobre ela, mas notei que sou assim: uma rapariga saudosa, que anseia abraços e beijos nunca de despedida. Almejo aquele embalar sonolento e carinhoso que me dás com ternura, aquele com que eu sonho todas as noites, e depois olhas-me directamente nos olhos e transpareces tudo o que sentes, como se algo gigantesco surgisse nas tuas pupilas verdes. Não dizes nada. Olhas-me apenas com aquele jeito tão teu, que por mais palavras que use, por mais metáforas que aqui expresse, não conseguirei mostrar como és verdadeiramente. Porque isso só eu sei e só eu entendo a nostalgia e fantasia com que me olhas. E quando dou conta desnudas-me, e eu ergo-me nua de preconceitos, de sacrilégios para te abraçar e para desvanecer a saudade que me atormenta inospitamente. Tal abraço, meu caro, é o teu afogo de prazer e simultaneamente o meu apagar de saudade.

quinta-feira, 1 de março de 2012

E...

...amanhã há teste. Encarei este escrito como uma pausa no estudo árduo que tento convencer-me que faço. Porque na verdade não sei se o faço mesmo.
Seja como for, darei o meu melhor e deixarei a caneta esvoaçar e flutuar, pingando sua tinta, sobre o papel que serve de impulso e demarcação à minha vida.