quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Eu, que escrevo muito...

Eu, que escrevo muito, muitíssimo, resolvi escrever hoje - o que é já algo do quotidiano. Apesar de escrever todos os dias e de ter mentido precisamente há dois milissegundos acerca dos meus hábitos, o dia de hoje conduziu-me à escrita, não porque escrevo todos os dias, mas porque não escrevo há muito tempo e porque o que quero é escrever. Confuso, isto? Sim, confuso, respondam. Tal como eu sou: confusa. Pois bem, o assunto que me traz cá hoje é não a minha capacidade hábil de mentir mal, mas antes o meu nada regular ritual de escrita. A verdade é que - e não sei bem porquê - não consigo escrever diariamente, pois as palavras não me chegam; tenho, pois, o problema contrário ao de muitos escritores (note-se, no entanto, que nem escritora sou e ficaria feliz se, pelo menos, atingisse o nível de pseudoescritora), ou seja, a eles sobejam-lhes as palavras e, às vezes, nem os deixam esbanjar os seus pensamentos furiosos e brilhantes no papel. A mim, falta-me a imaginação e a vontade.
Em primeiro lugar, a imaginação não pode ser considerado algo nato em mim e, infelizmente, não o é, dado que não nasci para imaginar, mas para observar. E, a partir destas observações que se gravam no meu subconsciente, consigo construir, grosso modo, a minha imaginação, edificada por peças concretas que resultam em textos abstractos, mal escritos e quase indecifráveis.
Em segundo lugar, importa ressalvar a vontade de escrever, vontade esta que não me assola todas as manhãs ou depois de todos os encontros amorosos que tenho, como certamente acontecia com Pessoa, que detinha uma vontade voraz de se apoderar do branco. Eu, eu própria, não tenho. Primeiro, porque o branco assusta-me - de tão imaculado que é - e segundo, porque posso colorir a minha própria página de escrita no computador.  Por outro lado, o cansaço que me atormenta ao final do dia, fruto das minhas tarefas (as quais não vou revelar, pois a minha identidade é anónima), fala mais alto do que a vontade de escrevinhar.
Estas são as razões que apresento, embora muito sucintamente, como justificação da minha ausência e espero honestamente que as compreendam - se é que tenho alguém que leia o texto para as compreender. Com a promessa de ser mais regular na escrita, despeço-me. Um beijinho, Maru.