sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A escrita e os seus caminhos pardos

Se bem que nunca entendi o impulso que me leva a ocupar espaço na blogosfera com textos deprimentes ou emocionantes, não consigo, por mais que tente, entender o que nos leva apenas a rabiscar duas linhas numa folha de papel.
Gente inteligente verá tal exercício como um desabafo de um dia mal passado, uma experiência inefável ou uma crescente necessidade de exprimir os seus sentimentos. Mas eu não o vejo dessa perspectiva. Escrever é mais do que isso. Se fosse somente um fugaz desabafo, tal não era uma condição suficiente, porque para desabafar existe a voz. E podemos soltá-la e deixá-la voar, até nos acalmarmos, finalmente.
Para mim, e anseio que não o seja apenas para mim, escrever é um caminho que me conduz até à felicidade, um pouco nostálgica e imaginária. Com estas letras, que por aqui dactilografo, posso ser quem eu quiser, o que eu quiser, e, imaginem só (!), posso ser eu. Quer a crença seja verídica ou não, ser eu própria não é um princípio fácil de incutir, na minha vida. Vario incessantemente mediante os contextos em que me insiro. Todavia, pior do que isso, vario também de ponto de vista, de personalidade. E o problema desta confusão desgraçada, que é o encontro do meu eu interior, é saber em quais dos contextos se revela a verdadeira essência que prevalece em mim.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Uma mínima, incongruente curiosidade!

Facto curioso que soube hoje. Já que eu, de nome pobre, tenho um mísero, mas atento poder crítico, não posso deixar passar em branco o comprimento abismal de alguns nomes. Nomes estes que têm de ser reduzidos para serem inseridos em documentos oficiais.
E, incrivelmente, deparei-me com outro inóspito facto: as pessoas mais afortunadas têm nomes mais compridos. Talvez seja para ostentarem o poder dos seus apelidos que passaram de geração em geração, ou apenas para o evocarem em bom som, numa apresentação formal. Digo-vos, certamente, pessoa simples tem nome curto. Nome pobre.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Que vá tudo para o inferno...



Sem dúvida que a vida se torna macabra, por vezes. Macabra, porque eu a acho macabra, sem sentido ou proveito de alguma substância minimamente boa. Um nada. Um absurdo nefasto que é incapaz de me preencher de forma conveniente para atenuar a dor dilacerante das minhas derrotas, tão árduas de ultrapassar. E sim, estou farta. Farta de todos os clichés incessantes, dos rumores que sussurram nos corredores, das confissões que faço à minha parede do quarto, imaginando eu, inexperiente, que um dia irei lançá-las a alguém e culpar esse alguém que me atormenta meticulosamente. Um alguém que eu odeio. Vai para o inferno. Eu sou aquilo que tenho de ser. Aquilo que não quero ser ou, porventura aquilo que quero ser. Não me amarram as mãos, que estão gastas de insultos e ofensas, nem me prendem os pés que caminham por escombros.
Os escombros são o trilho a percorrer, mas com eles posso edificar um tudo que te matará a ti, nada.