Vejo de forma mais assustada o facto de crescer. As responsabilidades surgem imponentemente e marcam o seu território a sangue frio. A sensação de utilidade começa a ter um papel tão preponderante na vida que fico aterrorizada com o facto de ser inútil. Esperei ansiosamente a vinda da vida adulta e agora, que ela se aproxima a grandes passadas, só quero que o tempo abrande e me deixe viver um pouco mais da minha adolescência desprovida de preocupações. Quando somos pequenos almejamos intensamente a independência, a liberdade do nosso corpo e da nossa consciência, o sair cedo e o chegar tarde, a adrenalina da primeira condução, a euforia do primeiro festival e a emoção do amor. Contudo, o tempo, este tiquetaque permanente, nunca pára. Jamais. E quanto mais ouvimos este tiquetaque, mais acreditamos nas máquinas do tempo para podermos voltar atrás e voltar a viver os momentos que, no final de contas, são os mais próprios que alguma vez se vive. Tudo isto parece um pouco egoísta – e é -, mas que piada teria a juventude se não fôssemos os adolescentes casmurros incompreendidos que anseiam a liberdade e depois só a querem retardar?
esta sou eu
sábado, 11 de abril de 2015
domingo, 26 de outubro de 2014
perdoem-me a ausência
Não consigo escrever algo minimamente aceitável há, mais ou menos, meio ano. Perdoem-me a ausência. Voltarei.
sábado, 15 de março de 2014
acabar. prosseguir
Não sei o que é pior : acabar ou mentalizar-me de que tenho de seguir em frente. Quando ele (chamemos-lhe ele para que não tenha de escrever o seu nome) acabou comigo, numa esplanada rasca, num dia de chuva horrível, senti que tudo o que havia construído até ao momento tinha ido, literalmente, por água abaixo. Para além do choque, de ouvir as palavras duras que me dizia, suportei a humilhação de chorar à frente de colegas que se encontravam no café. Quase jurei a mim mesma nunca mais sair de casa e nunca mais me apaixonar para não ter de passar por um momento tão terrível.
No entanto, já passaram três meses desde o triste incidente e, até agora, não existem sinais de que ele ainda sente a minha falta. Muito pelo contrário: eu sou perfeitamente dispensável e substituível. Não nego o facto de ainda gostar dele: gosto (muito), mas nunca mais me vou sujeitar a algo tão humilhante como uma separação em público - sem motivo aparente e explícito- após uma relação com mais de dois anos.
Neste momento, o que conta é a mente e esta diz-me que tenho de largar a ideia de que ele vai voltar, um dia. Ele não vai voltar, não vai dizer que sente a minha falta, não me vai abraçar nem beijar, nem sequer vai perguntar como é que eu estou. Simplesmente, não vai. O "ainda podemos ser amigos" existe somente num futuro longínquo e, até lá, eu serei apenas uma ex-namorada de quem ele falará a outras raparigas para se martirizar ou para, apenas, contar uma boa história da sua vida. E, no fundo, tudo o que vivi foi bom: escrevemos uma excelente história. Mas acabou. E , já que acabou, é hora de prosseguir, de cabeça levantada. Costumo pensar que tudo isto aconteceu sem eu querer, mas talvez precisasse de estar uns tempos sozinha para atingir os meus objetivos, seguir os meus sonhos, estar com os amigos, com pessoas que, de facto, me valorizam e não me abandonam, porque , à vezes, o nosso porto seguro não é quem nós pensamos, mas antes quem nós precisamos. E, pensando bem, ele não era o meu porto seguro: era antes uma fonte de conforto.
Agora, resta-me acreditar: não nele, não nos outros, mas em mim mesma. Tenho mais para dar e para viver do que a maioria pensa, mas a verdade é que não vou provar isso a ninguém, a não ser a mim mesma, porque eu sou capaz de fazer mais do que aquilo que eu penso ser capaz de fazer. Acabou? Sim, acabou. Prosseguir. Prossegui. Já estou noutra.
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
À descoberta...
Sinto que não sou a mesma pessoa.
Mudei, não sei se para melhor, se para pior. Só o tempo dirá e ditará a minha
atual personalidade, que tanto difere da antiga, em tantos e variados aspetos.
Devo dizer que as experiências, as quais vivenciei até agora, foram o ponto de
inflexão no meu caráter que, pouco a pouco, se revelou misterioso, enigmático e
incrivelmente diferente. Já não sou a
rapariga das aulas, do estudo. Sou alguém, mera humana, que procura
desafios, um sentido para vida, uma simples explicação para a panóplia de
porquês que assolam o meu interior. Isto leva-me a perguntar: a vida muda-nos
ou somos nós que mudamos dentro dela, desta esfera giratória? O que eu dava
para desvendar este código, minuciosamente calculado e entranhado no segredo do
Universo. Enfim (!), satisfaz-me saber da minha consciência da mudança. O resto?
Hei de descobrir.
segunda-feira, 27 de janeiro de 2014
#demãosdadas
“Já gastámos as palavras
pela rua, meu amor (…) / gastámos as mãos à força de as apertarmos”. São
palavras de Eugénio de Andrade, de quem até receio evocar os versos, de tão
sublime grandeza. A verdade é que não há nada melhor do que este poema para dar
mote ao texto que tento redigir. De um lado, as palavras; do outro, as mãos, os
gestos.
As palavras são um misto de
verdade e mentira, já que podem ser moldadas por quem as pronuncia, ao passo
que os gestos, embora não correspondam à total verdade, revelam-se, na maioria
das vezes, mais verdadeiros do que as palavras. E estas gastam-se tão
rapidamente que, num pestanejar, desaparecem e perdem todo o significado
outrora adquirido quiçá num momento especial. É de lamentar a leviandade com
que se profere um “gosto muito de ti” ou um “és o meu melhor amigo”. Está tudo
gasto; ninguém dará valor a tais frases sentimentais. E porquê? Porque estão
rotuladas com um etiqueta branquinha que diz: banal. Agora, os gestos valem mais. Há que provar que se gosta, que
se sente, que se é de confiança. A palavra deixou de ter sentido, deixou de ter
valor; quando digo “palavra de honra”, não digo nada, não. Digo senão que,
inocentemente, ainda confio na minha palavra (e, pensando bem, não devia
confiar).
Por outro lado, quando as
palavras se revelam inúteis, as mãos ficam sujeitas a um aperto desmesurado.
Volvem-se ásperas, sujas de tanto serem apertadas. As mãos não se apertam; as
mãos entrelaçam-se, de modo a simbolizarem entrega e confiança. Que ultraje
tornar o enlace de mãos uma fuga ao medo! Não as podemos apertar, não podemos…
E depois, que acontece? Estas ferramentas, que Alguém nos deu, ficam
corrompidas pela banalidade e pela vulgaridade.
Por isso, prefiro dar a mão para não ter medo e angústia, prefiro calar-me e só falar
em momentos oportunos, prefiro ser eu própria a falsificar-me com frases feitas
e mãos que já apertaram uma amálgama de pessoas diferentes. Prefiro caminhar
com os meus pés e ter ao meu lado outros dois que caminhem comigo.
Todavia,
esta é a minha palavra. Resta saber se ainda tem valor.
sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
#parar
Às vezes, é preciso parar, porque nos encontrarmos demasiado
compenetrados em algo ou em alguém. Esses algos e alguéns que, para nós, são o
mais-que-tudo podem, despropositadamente, limitar os nossos pequenos
horizontes, pois pequenos já eles são de condição.
Ao longo do tempo, tenho-me apercebido, referindo agora o meu caso
particular, da minha pequenez inevitável, neste mundo composto por sete biliões
de pessoas. Imagine-se que me concentro numa dessas pessoas: não seria eu uma
ínfima peça neste puzzle gigante? No entanto, não se discorra sobre esta tese
sem uma análise cuidada. Para evitar interpretações inusitadas, acrescento
alguns argumentos à minha opinião sobre o desprendimento.
Em primeiro lugar, quando, por alguma má razão, temos de nos desprender
de outrem, ficamos magoados, com saudades e sofremos pelo passado, por
antecipação, pelo presente. Antes não sofrer, penso eu. Há, por aí, quem pense
que se trata de falta de coragem, de carência de low profile para enfrentar os obstáculos amorosos ou da amizade. Eu
chamo-lhe racionalidade. Assim, se se sabe que o fim é doloroso, notavelmente
frio e insensível, qual o propósito de nos sujeitarmos a um processo tão
violento, como o afeto desmedido e a paixão aparentemente interminável?
Em segundo lugar, pese embora o
facto de se apelar a uma visão não egocêntrica do ser humano, este é, na minha
opinião, consecutivamente liderado pelos outros. Por outras palavras, o Homem,
por norma, dedica a sua vida aos outros, quer no trabalho, quer na família,
mais ou menos afincadamente. Contudo, vejo nessas ações- as da dedicação aos
outros – não uma necessidade, mas antes uma norma social pré-estabelecida.
Assim, nessa procura da estabilidade profissional e familiar, acabamos por
perder as nossas ambições primeiras e os nossos sonhos derradeiros, acabando
por os transformar em aspirações socialmente aceitáveis e moralmente corretas,
tais como a asseveração do futuro dos filhos, o atingimento de dada posição no
emprego, entre muitos, muitos outros.
Por último, balizo as minhas palavras a este pequeno segmento: há que
olhar para dentro, há que procurar a nossa essência essencial à vida. Ou, por
outra, há que parar.
terça-feira, 11 de junho de 2013
A guerra das pessoas, a guerra dos caprichos.
Há guerras e guerras. Não creio
que alguma seja necessária, mas há que admitir que os motivos de umas são mais
aceitáveis do que os de outras. E, entre todas estas miseráveis guerras, há uma
que é ainda mais miserável. A dita guerra das pessoas. Se até agora falei de
propósito e motivo, então chegamos ao extremismo do movimento bélico, porque
esta guerra não tem- nunca há de ter – um motivo que a justifique.
O que é certo é que eu nunca
aprendo – que não devo confiar nas pessoas, que não devo dar-me sem medida, que
não tenho força psicológica para aguentar estas balas que viajam a uma
velocidade alucinante e que são disparadas por uma arma de uma pessoa que anda
em guerra com outra. As pessoas são assim. Há que criar guerras. Há que
alterar, de quando em vez, a rotina. Há que estragar a vida dos outros – porque
isso, isso sim, vai deixar-me imensamente feliz… (!). Já que nunca fez mal um
pouco de sarcasmo: obrigada. Sim, obrigada. Até uma próxima guerra.
Subscrever:
Mensagens (Atom)