sábado, 15 de março de 2014

acabar. prosseguir

Não sei o que é pior : acabar ou mentalizar-me de que tenho de seguir em frente. Quando ele (chamemos-lhe ele para que não tenha de escrever o seu nome) acabou comigo, numa esplanada rasca, num dia de chuva horrível, senti que tudo o que havia construído até ao momento tinha ido, literalmente, por água abaixo. Para além do choque, de ouvir as palavras duras que me dizia, suportei a humilhação de chorar à frente de colegas que se encontravam no café. Quase jurei a mim  mesma nunca mais sair de casa e nunca mais me apaixonar para não ter de passar por um momento tão terrível. 
No entanto, já passaram três meses desde o triste incidente e, até agora, não existem sinais de que ele ainda sente a minha falta. Muito pelo contrário: eu sou perfeitamente dispensável e substituível. Não nego o facto de ainda gostar dele: gosto (muito), mas nunca mais me vou sujeitar a algo tão humilhante como uma separação em público - sem motivo aparente e explícito- após uma relação com mais de dois anos.
Neste momento, o que conta é a mente e esta diz-me que tenho de largar a ideia de que ele vai voltar, um dia. Ele não vai voltar, não vai dizer que sente a minha falta, não me vai abraçar nem beijar, nem sequer vai perguntar como é que eu estou. Simplesmente, não vai. O "ainda podemos ser amigos" existe somente num futuro longínquo e, até lá, eu serei apenas uma ex-namorada de quem ele falará a outras raparigas para se martirizar ou para, apenas, contar uma boa história da sua vida. E, no fundo, tudo o que vivi foi bom: escrevemos uma excelente história. Mas acabou. E , já que acabou, é hora de prosseguir, de cabeça levantada. Costumo pensar que tudo isto aconteceu sem eu querer, mas talvez precisasse de estar uns tempos sozinha para atingir os meus objetivos, seguir os meus sonhos, estar com os amigos, com pessoas que, de facto, me valorizam e não me abandonam, porque , à vezes, o nosso porto seguro não é quem nós pensamos, mas antes quem nós precisamos. E, pensando bem, ele não era o meu porto seguro: era antes uma fonte de conforto.
Agora, resta-me acreditar: não nele, não nos outros, mas em mim mesma. Tenho mais para dar e para viver do que a maioria pensa, mas a verdade é que não vou provar isso a ninguém, a não ser a mim mesma, porque eu sou capaz de fazer mais do que aquilo que eu penso ser capaz de fazer. Acabou? Sim, acabou. Prosseguir. Prossegui. Já estou noutra.

Sem comentários:

Enviar um comentário