sábado, 15 de setembro de 2012

(ma)cabra outra vez.

Não sei se fui abençoada à nascença ou se, por outro lado, tenho um anjinho protector e fofinho - branco e de olhos azuis, iguais àqueles pintados no Renascimento -, porque, não sabendo mais que me faça, não sei ser má e forte e ousada. E essa audácia aveludada de malvadez e ousadia enfeitiça qualquer um, até que nasce o desejo, que os deixa loucos, loucos, loucos. Pobres e coitados. Pobre e coitada de mim. Não me fazia mal nenhum um pouco de ousadia, de malvadez sensata, daquela que não faz mal ao menino Jesus e aos anjinhos; por outra, uma pimenta na salada sem tempero que sou, pois, até aposto que manifestar sensualidade não é crime. É lindo. É sensual... Precisava disso. Vou fazer isso. É preciso crescer, e quanto mais adiar este malfadado amadurecimento cruel, mais angelical fico. Bem, adeus. Agora, vou transfigurar-me no meu eu escondido, e vou ousar-me e vou ser sensual.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

E eu fico feliz por ver o céu

Há momentos na vida que nos mudam. Completamente. Vêm não sei bem de onde e fazem-nos ver a verdadeira essência do nosso pequeno espírito. Há momentos que são considerados como os melhores de uma vida e, na verdade, uma vida não seria igual sem tais ocasiões marcantes e profundas que moldam bruscamente o carácter de cada um. E, no entanto, há momentos que são rotulados como banais e pouco deslumbrantes; momentos que são, nada mais nada menos, - pensando bem, bem - as rotinas enfadonhas que constituem o pão nosso de cada dia. Logo, a vida é um aglutinado de momentos, ainda que uns sejam mais atrozes do que outros. E, assim sendo, o problema deve estar mesmo nos momentos. Talvez a importância em demasia que lhes é dada  oculta, de certo modo, - não, não é de certo modo, é de todos os modos - a beleza do céu que habita por cima de nós. Por isso, hoje, eu só quero ver o céu, pois isso é prova de que estou viva e é prova - sim, isso mesmo - de que estou preparada para viver um momento; um momento que só a vida me pode dar e, que eu saiba, os momentos nunca deram vidas.