segunda-feira, 25 de junho de 2012

Palavras, que palavras?


Sobeja-me a ansiedade de escrever. Pena não passar de ansiedade. Pergunto-me - valha-me Deus se me pergunto! - qual será o porquê de tanta, tanta ansiedade. Não sei escrever, enfim. Não controlo estes seres tocáveis, chamados palavras. Há tempos que me andam a fugir por entre os dedos e eu, coitada de mim, pareço uma louca, uma dissimulada que corre freneticamente atrás delas; mas são céleres, dotadas de uma rapidez que nem imaginava que possuíam. Bem, elas são tudo. Penso, agora, que as palavras são aquilo que comanda a minha vida. Já pensei entrar em guerra para me aceitarem de volta e me perdoarem, mesmo que ainda não tenha entendido qual o erro fatal que cometi e que me impede de escrever. De facto, tenho de me reconciliar com as palavras. Só me resta saber como. Formulei duas alternativas para já. Ei-las: pouco a pouco, vou rabiscando uns gatafunhos num papel amachucado e desbotado (para não as provocar, já que papel branco pode constituir uma afronta). Porém, apenas escreverei umas palavras simples, ou melhor, umas frases simples. Nada de complexo, nada mesmo. Depois, quando o branco já não for uma ameaça veemente, comprarei um caderno com uma capa preta a fim de atenuar aquele branco inicial pronto para ser coberto de tinta azul da minha caneta. Aí começarei a pedir desculpa piedosamente. E acredito, com muita garra e perseverança, que aqueles seres velozes que não gostam de mim se vão render e deixar-se-ão ser controlados pela minha mão que segura firmemente um borbotão de tinta. Contudo, não tenciono, mal as tenha em meu poder, domá-las. Que fique bem claro, por favor. Elas são tocáveis, mas indomáveis. Quero tornar-me uma aliada que as molda consoante os fins para os quais as comprometo. E ainda, serei meiga. Um abraço aqui, um carinho ali. Ulteriormente, num sopro, sem ninguém notar, elas estarão ao meu lado, subjugadas.



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