Deus, sabes que oro sem rumo, sem propósito
algum. Não que não goste de ti. Não que deteste usar esta anáfora de “nãos”,
mas sim, Deus, porque não sei quem sou. Uma foragida, talvez. Renegada em
recantos sombrios, escondidos por sombras convenientes e encoberta por nuvens
escuras, nuvens de nada. Nada. Saber que sou nada já é, por si só, saber muito,
saber algo sobre mim, pois de resto, não sei nada. E não gosto de mim, por usar
demasiadas hipérboles, metáforas e outros recursos que embelezam
disfarçadamente a minha forma impertinente de escrever. Deus, mas o que escrevo
é para ti, e espero arduamente, por orações rasgadas de furor, que não te
preocupes com sintaxe, erros de construção e pulcritude gramatical. Eu não o
faço. Eu escrevo aquilo que sou, e sendo nada, não escrevo nada.
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